Como as emoções interferem no trabalho
Por Ana Carolina Cury
Muitos
profissionais são admitidos no mercado de trabalho por conta de suas
qualidades técnicas, mas, algumas vezes, tempos depois, são demitidos
por causa de problemas comportamentais.
A dificuldade de
lidar com o outro, de saber como reagir a determinada questão, a uma
crítica ou a um atraso tem prejudicado a carreira de muitas pessoas. Por
causa disso, é cada vez mais recorrente a cobrança por inteligência
emocional entre os recrutadores. “Inteligência emocional é um conceito
em psicologia que descreve a capacidade de reconhecer os próprios
sentimentos e os dos outros e a capacidade de lidar com eles. Ela está
relacionada à postura que o profissional deve ter com ele mesmo e com os
outros”, explica Alessandra Souza de Amorim, especialista em gestão de
pessoas.
A forma de gerir as emoções – as próprias e as dos
outros – tem impacto direto no sucesso ou no fracasso profissional de
alguém. “No ambiente de trabalho, não saber lidar com as emoções, gera
conflitos entre parceiros de atividades e desconfortos que podem inibir o
rendimento de uma pessoa e até mesmo de um setor ou equipe inteiros. É
preciso controlar impulsos, saber ouvir, saber a hora de falar e como se
expressar, para que o ambiente seja um local agradável para todos os
colaboradores”, acrescenta a especialista.
Diferencial
Hoje,
o mercado de trabalho e as empresas estão à procura de profissionais
que possuam habilidades técnicas cada vez mais elevadas combinadas com o
fator da gestão das emoções. Isso porque, cada vez mais, a resiliência e
flexibilidade do profissional tendem a imperar, já que as empresas têm
designado várias atividades para o mesmo colaborador ou a mesma equipe.
“Com isso, saber agir sob pressão tende a ser um requisito essencial
para quem deseja se manter ou entrar no mercado”, observa Alessandra.
Além
disso, a psicóloga Daniela Rodrigues Costa explica que controlar e
dominar os impulsos negativos emocionais, como a ansiedade, a
frustração, a raiva e a tristeza, fazem com que as pessoas tenham foco
para desenvolver o autoconhecimento.
“O controle das emoções e
sentimentos, com o intuito de conseguir atingir algum objetivo,
atualmente, pode ser considerado um dos principais trunfos para o
sucesso. O autoconhecimento é uma chave muito importante para o controle
emocional, pois se o indivíduo não souber o motivo de sua perda de
controle simplesmente continuará agindo da mesma forma e achando que
nasceu assim e vai morrer assim.”
Sinais de dificuldade
A
inteligência emocional é necessária para todas as áreas da vida, mas no
que se refere ao trabalho é preciso ficar atento ao que fazer para
desenvolvê-la. “Geralmente os sinais de que alguém está com essa
‘deficiência’ são dificuldade de relacionamento interpessoal,
isolamento, dificuldade em aceitar opiniões contrárias, não saber lidar
sob pressão, não saber ouvir críticas e ser muito sensível. Esses são
alguns sintomas de pessoas que necessitam aprender a usar a inteligência
emocional a seu favor ou aprimorar suas habilidades emocionais”,
orienta Daniela.
As emoções ruins, como frustração e raiva, estão
presentes no cotidiano de todos. “Estamos sujeitos a vivenciar
situações que nos fazem sentir assim a todo momento. Dessa forma, é
importante criar mecanismos para trabalhar essas emoções de forma
saudável, para controlar o estresse, e buscar alguma atividade que ajude
no processo de autoconhecimento, como leituras, cursos e palestras”,
acrescenta a especialista.
Entenda a raiz
Todas as vezes
que identificamos uma dificuldade pessoal é necessário, primeiramente,
entender a raiz de tudo e por que ela existe. “Nem sempre o motivo
aparente é o motivo real. É preciso analisar cada situação considerando
não só o momento vivido, mas também os anteriores. Uma emoção ruim pode
ser reflexo de algo que não foi resolvido ou bem assimilado lá atrás”,
explica Alessandra.
Por isso, faça uma autoavaliação e, se
necessário, busque ajuda para poder resolver questões e traumas do
passado que ainda interferem em suas ações e reações no trabalho. Depois
de estar bem consigo mesmo e se manter equilibrado, poderá executar
suas tarefas profissionais com mais facilidade. “Dessa forma a pessoa se
tornará mais segura, confiante e, sobretudo, vai se adaptar melhor às
mudanças e ter mais resiliência ao lidar com as dificuldades e
obstáculos”, conclui a especialista em gestão de pessoas.
Avalie se você possui essas cinco características
1. Autoconhecimento emocional (reconhece um sentimento enquanto ele ocorre)
2. Controle (habilidade de lidar com sentimentos bons e ruins)
3. Automotivação (saber se dirigir a um objetivo)
4. Reconhecimento das atitudes de outras pessoas (saber lidar com a reação do outro de forma equilibrada)
5.
Habilidade em relacionamentos interpessoais e desenvolvimento de
inteligência intrapessoal (capacidade de formar um modelo verdadeiro e
preciso de si mesmo e usá-lo de forma efetiva e construtiva)
Fonte: Alessandra Souza de Amorim, especialista em gestão de pessoas
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